Zé morava numa pequena cidade litorânea do Brasil desde que nascera.
Teve uma infância humilde e quase não frequentou a Escola tornando-se um
ajudante e depois pedreiro por profissão.
No verão ganhava um reforço no orçamento quando com sua simpatia e
sorriso no rosto vendia picolés na beira da praia onde invariavelmente superava
seus colegas na quantia vendida. Com os anos passando, o casamento e a
chegada dos filhos seu sonho de se tornar um jogador de futebol foi deixado a
lado.
Mulato baixo e forte seguia mais um final de dia pela beira mar quando
um turista o convidou para jogar um pouco de futebol. Tirou o uniforme e já fez
uma goleira com seus chinelos.
-Três gols. Disse o americano.
-Três gols. Disse o americano.
Zé pedreiro fez OK na hora.
O americano com pernas compridas e ágeis surpreendeu Zé e marcou logo um
gol. 1x0. Zé se refez da surpresa e partiu para o ataque tentando um drible,
mas o americano defendia-se muito bem e contra-atacava com perigo. Algumas
poucas pessoas que caminhavam pararam para olhar o desafio. Zé pedalou de um
lado para outro ate conseguir ultrapassar e marcar o seu gol. 1x1. A honra
estava limpa. As pessoas aplaudiram.
O americano tentou mais um ataque rápido, mas Zé pedreiro bloqueou e
recuperou a bola. Zé ousou, empolgado, o drible da vaca e com ajuda do vento
superou a marcação do americano. Viu a bola sobrar livre na frente do gol e
completou entre os chinelos marcando o gol da vitória para sua felicidade e
delírio de quem assistia e gritava.
Feliz, Zé pedreiro lembrou-se de Bebeto superando a zaga americana na
Copa de 94 fazendo o gol e, por um momento, sentiu-se o craque daquela seleção
campeã. Agora era Zé Bebeto! !!!! Zé do Brasil!!
Suado, correu em direção ao mar e jogou-se mergulhando fundo. Sentiu o
mar morno relaxar o corpo cansado, inundando-se de felicidade.
Levantou-se e retornou para a areia onde o americano o aguardava ao lado
de seu carrinho.
- É sua esta bola, um presente. Disse o gringo.
- Obrigado. Agradeceu Zé com seu simpático sorriso. Sabendo que aquele
seu troféu se tornaria o brinquedo preferido dos filhos.
E, juntos, ficaram felizes escorados no carrinho saboreando picolés e o
brilho do pôr do sol atrás dos morros.
-Todo mundo tem direito. Suspirou Zé.
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